Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Garibaldi foi acusado, diz Markun
da Reportagem Local
O jornalista paulistano Paulo
Markun, 46, apresentador do programa "Roda Viva", da TV Cultura, se interessou pela história de
Anita Garibaldi quando decidiu
morar em Florianópolis, há um
ano. Leia a seguir trechos da entrevista com o autor de "Anita Garibaldi -Uma Heroína Brasileira".
Folha - Como o sr. se interessou pela história de Anita?
Paulo Markun - Fiquei sabendo
que o Joãozinho Trinta ia fazer o
desfile da Viradouro com Anita e
que a Cláudia Ohana planejava
um filme sobre ela. Fui buscar literatura sobre o assunto e não encontrei nada satisfatório, só coisas
que misturavam ficção e realidade. Achei que valia a pena contar
essa história.
Folha - O sr. viajou atrás do
rastro do casal?
Markun - Fui à Itália, aos Estados Unidos, a Montevidéu, no
Uruguai, e à França. Fui ajudado
por uma equipe de 15 pessoas.
Folha - Por que o sr. afirma
que Giuseppe não matou Anita?
Markun - Estavam presentes,
no momento em que Anita morreu, pessoas que foram ouvidas
depois, em um processo que era
movido por inimigos de Garibaldi, e eles mesmos concluíram que
ela morreu de febre. O legista cometeu um engano ao imaginar
que ela teria sido estrangulada.
Mas, num primeiro momento, esse boato chegou a se espalhar.
Folha - O sr. cita várias vezes o
livro de Lindolfo Collor, avô do
ex-presidente Fernando Collor,
sobre Garibaldi ("Garibaldi e a
Guerra dos Farrapos"). É o melhor livro sobre o período?
Markun - Ele é um bom historiador da Revolução Farroupilha.
Os historiadores reconhecem que
é um bom trabalho, mas em alguns momentos ele ultrapassa os
limites da realidade. Há um historiador menos conhecido que ele,
Brasil Gerson, autor de "Garibaldi
e Anita: Farrapos, Balaios e Cabanos", que é muito bom.
Folha - O sr. leu o livro de
Yvonne Capuano sobre Anita?
Markun - Não consegui ler, são
900 páginas, né? Ela fez um trabalho sério, um compêndio muito
completo sobre o assunto. Meu
objetivo foi diferente, foi fazer um
livro para o grande público, tratar
o caso como uma reportagem.
Folha - Como surgiu a idéia de
fazer o presidente Fernando Henrique prefaciar o livro?
Markun - Conheço o presidente
desde 74, quando era apenas sociólogo, e estava em busca de alguém que tivesse consistência para fazer um prefácio do ponto de
vista acadêmico. Além disso, ele é
o presidente e o livro integra agora o projeto dos 500 anos.
Folha - Sendo Anita uma heroína, não teria sido mais interessante convidar dona Ruth?
Markun - (Ri) Acho que ela poderia prefaciar com a maior tranquilidade. Mas acho que o presidente fez isso com competência.
Folha - O livro ficou bastante
cinematográfico, não?
Markun - Gostaria que fosse a
Hollywood... Apliquei aí um pouco do que sei de TV, de tentar roteirizar a história. Foi uma sacada
colocar a morte dela no começo.
Texto Anterior: Livro lançamentos: Quem matou Anita Garibaldi? Próximo Texto: Suspeita não existe, diz Capuano Índice
|